30 de julho de 2011

Fé em vida após a morte pode ajudar a superar tragédia

Acreditar na possibilidade de rever entes queridos após a morte auxilia a reagir melhor a perdas e tragédias ao longo da vida

Danielle Nordi, iG São Paulo


As pessoas que têm profunda religiosidade se dão melhor em situações críticas. A afirmação é da psicóloga clínica e professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Denise Gimenez Ramos. Esperança e otimismo estão ligados diretamente a acreditar num reencontro pós-morte ou mesmo em uma recompensa em outro plano. Os que creem em algo dirigem suas vidas com mais tranqüilidade e bem-estar, de acordo com a psicóloga.

Segundo Denise, quando o ser humano vivencia uma experiência mais grave, precisa buscar algum significado. E quem consegue encontrá-lo vive melhor. “A religiosidade dá muito apoio em situações difíceis, mas não está presente em nossas vidas para nos tornar seres passivos, que não lutam para mudar os cenários desfavoráveis”, ensina.
Viver o luto ajuda na recuperação


É preciso esclarecer que o fato de acreditar que a separação entre quem morreu e os que vivem é momentânea não deve impedir a pessoa de viver o luto. A psicóloga clínica Daniela Mafra de Oliveira explica que essa vivência consiste, entre outras coisas, em chorar e ter momentos de revolta, desespero e questionamentos. “Ser religioso ou ter uma crença não vai fazer o sofrimento sumir. O que acontece é que a dor poderá ser abreviada e a pessoa se sentir confortada diante das explicações que encontra nos ensinamentos da sua religião.”
Daniela explica que esse período de luto é extremamente necessário. Sofrer faz parte de um processo de cura. “Quem se permite sentir a dor da perda ou da fatalidade tende a conseguir retomar sua vida. Aqueles que se recusam a fazê-lo, ou se enchem de atividades para não ter tempo de pensar no que aconteceu, podem ter que lidar com isso, de maneira mais intensa, no futuro. É o famoso ‘cair a ficha’.”
Existem pessoas que atribuem tudo que acontece a um ser supremo. Essa postura demonstra uma falta de discernimento. Daniela insiste na necessidade de fazer todos entenderem que todos precisam agir e ter iniciativa diante dos acontecimentos. “A pessoa que dá a Deus ou a outro ser supremo a função de realizar tarefas que deveriam ser suas, colocam-se numa posição de extrema acomodação diante da vida.”
O iG reuniu histórias de quatro pessoas que sofreram perdas ou passaram por momentos críticos. A certeza de que a separação de seus entes queridos é apenas momentânea ajudou a todos a retomarem suas rotinas. Conheça suas histórias.

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