Escrito por Ricardo Di Bernardi
Cada
vez mais, “minorias criativas” buscam a integração entre Fé e Razão,
tendo em vista que é impossível compreender o mundo, o universo e o
próprio ser humano, sem as luzes de um paradigma, de um modelo, que
contemple todas as áreas das cogitações humanas. As revoluções
conceituais da física , no século XX, muito contribuíram para essa nova
visão da realidade, demonstrando que a matéria cedeu lugar à energia, o
tempo é variável, o movimento descontínuo, a interconectividade não
localizada, e a consciência é capaz de influir nos eventos, selecionando
possibilidades. Nesse novo tempo, especialistas passaram a enxergar o
ser humano de forma integral, conectado a uma imensa rede invisível, que
engloba todas as coisas, do micro ao macrocosmo, e não têm nenhum pudor
em reconhecer a complementaridade entre Ciência e Religião, valorizando
a integração da Espiritualidade à vida humana.
Foi
assim que ganhou impulso, na década 1970, uma dessas minorias
criativas, formada por médicos que buscam implantar nas universidades
estudos de Medicina e Espiritualidade. Sob essa denominação, já há
cursos regulares ou opcionais, e também de pós-graduação, em 2/3 das
universidades americanas, entre outras, nas Escolas Médicas de Harvard,
com Herbert Benson, judeu, de Duke, com Harold Koenig, católico, do Novo
México, com William Miller, luterano. Afirmamos, com renovada alegria,
que nós, médicos espíritas, fazemos parte de uma dessas minorias
criativas que tenta levar Espiritualidade às universidades, porque os
fundamentos da Medicina Espírita estão em sintonia com o que é
realizado, hoje, na maioria das universidades norte-americanas.
A
obra do ilustre físico e humanista Fritjof Capra, especialmente, O
Ponto de Mutação , está na vanguarda dessa luta em favor de um novo
paradigma para a humanidade, em particular para a Medicina, com sua
proposta de Assistência Holística à Saúde, que contempla o ser humano
integral – Mente-Corpo. Nessa luta por um novo modelo de saúde,
engajou-se também o físico quântico, Amit Goswami, com sua teoria sobre a
Consciência, exposta em sua obra, especialmente, O Universo
Autoconsciente. Nela, ele sustenta que a Consciência está fora da
matéria, sendo, na verdade, fonte criadora do mundo material.
Hoje,
tanto quanto nos séculos XIX e XX, há fortes evidências científicas da
existência do Espírito. Pesquisadores, em sua maioria não espíritas, têm
investigado casos de Experiências de Quase Morte (EQM), Visões no Leito
de Morte, Experiências Fora do Corpo, Transcomunicação Instrumental e
Reencarnação, acumulando evidências em favor da sobrevivência da alma.
O
neuropsiquiatra, Peter Fenwick, os cardiologistas Michael Sabom e Pim
Van Lommel, os psiquiatras, Raymond Moody Jr , Elizabeth Kübler-Ross e
Sarah Kreutziger, o pediatra Melvin Morse, os psicólogos, Kenneth Ring,
Phillis Atwater e Margot Grey, entre outros, relataram casos de EQM,
contando o que centenas de sobreviventes da morte vivenciaram, quando
foram considerados clinicamente mortos. A conclusão dos pesquisadores e
dos sobreviventes é de que algo imaterial sobrevive à morte do corpo
físico.
Na
alentada obra Reincarnation and Biology, de Ian Stevenson , professor
de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Virgínia,
EUA, constatamos também, nos 2.600 casos pesquisados, não apenas
evidências da sobrevivência do espírito, mas igualmente da reencarnação,
podendo-se acompanhar, inclusive, a correlação entre as marcas de
nascença e os defeitos congênitos da existência atual com as vivências
anteriores.
Hoje,
já há centenas de trabalhos publicados em revistas científicas
prestigiadas, como The Lancet, New England Journal of Medicine; British
Medical Journal, JAMA etc. sobre o valor da prece na terapêutica (ver
site: www.ncbi.nlm.nih.gov, do NIH). Do mesmo modo, experiências
realizadas pelo psicólogo brasileiro, Júlio Peres, em parceria com o
neurocientista, Andrew Newberg, da Universidade da Pensilvânia, EUA,
evidenciaram áreas do cérebro em funcionamento, que são ativadas e
rebaixadas, durante as sessões de Terapia por Regressão de Memória,
realizadas com pacientes do Instituto Nacional de Terapia de Vivências
Passadas (INTVP) do Brasil. Essas pesquisas, somadas às que o dr.
Newberg realizou com pessoas em estado de vigília e meditação, mostram
um campo promissor para o estudo do Espírito e sua atuação sobre a
matéria.
No
Japão, Massaru Emoto, após 8 anos de investigação, publicou o livro,
Messages from the Water, mostrando como a água pode formar cristais
perfeitos ou não, conforme a ação exercida sobre ela pelos pensamentos e
sentimentos humanos. Tanto as experiências de Andrew Newberg e Júlio
Peres, quanto as de Massaru Emoto trazem subsídios importantes para
validar a Terapêutica Complementar Espiritual e entreabrem novos campos
para a pesquisa em medicina energética.
Hoje,
com o progresso vertiginoso da Ciência e, igualmente, o aumento maciço
das doenças da alma, é imperioso que esses cursos de Medicina e
Espiritualidade se multipliquem nas Escolas Médicas do mundo. A mudança
de mentalidade, porém, não é nada fácil. Há três séculos, a ênfase tem
sido para a visão de um ser humano esquizofrênico, dividido entre as
investigações científicas e a busca religiosa, consideradas e
alimentadas como irreconciliáveis. Esse paradigma antigo, materialista
reducionista , está calcado no predomínio do egoísmo sobre o amor, do
intelecto sobre o sentimento, e tem sido responsável pelo
recrudescimento da violência, da ambição sem freios, dos vícios, da
intolerância religiosa e das grandes desigualdades e calamidades
sociais. Nele, o ser humano é reduzido tão-somente às funções
neuroquímicas do cérebro, destituído de qualquer elemento imaterial que
anime suas células. Com esse modelo, não haverá paz no mundo.
Contra
ele, a favor da integração espírito-matéria, coloca-se o movimento em
prol da Medicina e da Espiritualidade. Com a preponderância deste
modelo, que tem na solidariedade uma de suas importantes vigas-mestras,
acreditamos que os médicos estarão muito mais aptos a lidar com a dor
humana, esforçando-se por diminuir os sofrimentos e angústias dos seus
irmãos em humanidade.
Fonte: Revista Cristã de Espiritismo
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