17 de outubro de 2011

Histórias sobre o túmulo de Allan Kardec

 Bom-dia! queridos irmãos.
                

Sempre acreditei que uma das principais missões de um espírita consciente é a divulgação do Espiritismo. Esta divulgação tem que ser feita sem proselitismos, nem fanatismo, mas com determinação e conhecimento, sabendo que muitas pessoas ainda não estão preparadas para entender ou mesmo aceitar o que significa ser espírita. Sei também que é através de seu comportamento, no dia-a-dia, em suas vitórias, derrotas ou rotinas, que o espírita dá sinais do vigor de sua fé.

Devido ao meu trabalho profissional, viajo com freqüência, principalmente aos diversos países europeus e asiáticos. Tenho por hábito levar sempre comigo dois exemplares de algum livro da Codificação e alguns livros espíritas de auto-ajuda, todos traduzidos para o inglês, para serem dados de presente em alguma oportunidade.

Numa de minhas últimas viagens à Coréia do Sul, na cidade de Pusan (a segunda em importância após a capital Seul), ofertei um exemplar de O Livro dos Espíritos e A Gênese para uma biblioteca de um grande hotel, cujo gerente e eu tivemos uma longa conversa sobre religião e reencarnação durante um jantar. Achei interessante a grande aceitação do gerente em relação à oferta dos livros e, inclusive, ele me disse que iria ler os livros com muita atenção.

Outro episódio bem interessante ocorreu comigo durante um vôo a Dubai, capital dos Emirados Árabes Unidos. Era um vôo de conexão, pois estava na realidade indo para Islamabad, capital da República Islâmica do Paquistão. Estava calmamente lendo em minha poltrona, quando observei que a pessoa que estava na poltrona ao meu lado estava lendo atentamente uma página da  revista  principal   da  companhia  aérea  Emirates,  que  falava  sobre  Paris  e,

 especialmente, sobre o cemitério de Père-Lachaise. Curioso, abri a revista e comecei também a ler a referida reportagem. Foi com surpresa que vi que o autor da matéria falava do túmulo de Allan Kardec, como um dos mais visitados e dizia, no seu entendimento, que era o túmulo do fundador da crença da transmigração das almas, passando de um corpo para outro após a morte.



Estava absorvido na leitura, quando meu vizinho puxou conversa, pois viu que eu estava lendo a mesma reportagem. Ele iniciou o diálogo da seguinte maneira:

– Veja você, que curioso..., há pessoas que acreditam nisso e reverenciam seus líderes mesmo após a morte deles. Como acreditar nisso???? Só mesmo Paris para transformar um cemitério em ponto turístico! Eu moro em Paris, sou muçulmano e minha fé é bastante diferente, embora respeite a todas, mas acreditar nisso de transmigração de almas é impensável!!!

Neste momento, percebi que eu não podia ficar calado, que teríamos uma viagem bem interessante pela frente e que eu tinha em mãos uma bela oportunidade para divulgar corretamente o Espiritismo. Imediatamente pensei..., mas como fazer isto sem parecer piegas ou fanático? Mentalmente fiz uma oração, respirei fundo e dei continuidade ao diálogo, dizendo que havia um engano do autor da matéria, pois aquela pessoa cujo túmulo estava sendo referenciado pela reportagem não era o fundador da teoria da transmigração das almas. Aquele homem chamava-se Allan Kardec e que ensinara, dentre outras coisas, sobre a aplicação da justiça divina através das vidas sucessivas, onde o ser humano nunca regride e avança sempre, uns mais lentamente que outros; mas todos recebendo as mesmas oportunidades. Acrescentei que eu acreditava nessa filosofia, pois uma vida só não é suficiente para alguém ser totalmente bom ou completamente mau. Mas que eu entendia, por ter origem católica, ter estudado a Bíblia e também ter estudado o livro sagrado dos muçulmanos, o Sagrado Corão ou Alcorão, que estas doutrinas pregam uma única vida, o castigo ou a salvação eterna, e que é difícil para estas pessoas acreditarem em vidas sucessivas.

O meu interlocutor ficou surpreso, pensou um pouco e me perguntou por que eu acreditava. Eu então disse a ele que a resposta seria longa e poderia ser enfadonha para ele, mas para minha surpresa ele insistiu, me dizendo que tínhamos algumas horas de vôo e que gostaria muito de me ouvir. Conversamos sobre o assunto por mais de uma hora e terminei dizendo que eu já tinha visitado aquele túmulo e que havia um escrito muito interessante no dólmen: “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei.”

Meu companheiro de viagem não comentou nada e, durante a minha explicação, murmurava eventualmente algumas palavras de concordância e outras de discordância. Quando estávamos nos aproximando de Dubai, ele me abordou novamente, dizendo que a conversa tinha sido muito interessante e que o vôo tinha passado mais rápido, me agradecendo pelas explicações. Neste momento, senti que o momento era apropriado e arrisquei: – Por acaso tenho um livro aqui comigo sobre este assunto. Eu teria o maior prazer de presenteá-lo a você, caso não se ofenda. Ele sorriu, disse-me que teria algumas semanas em Dubai e que logo retornaria a Paris, mas que gostaria de ler o livro, sim. Peguei em minha maleta de mão os exemplares de O Livro dos Espíritos e de O Céu e o Inferno, entregando ao meu companheiro de viagem com uma pequena dedicatória onde coloquei meu e-mail. Despedimo-nos ao coletar nossas malas e nunca mais o vi.

E fiquei a pensar: como as coisas são engraçadas! Conversei sobre o Espiritismo durante algumas horas com um companheiro de viagem, alguém que eu nem conhecia, de religião muito diferente da minha e agora ele estava com dois livros da Codificação em inglês. O que ele faria com estes livros? Será que ele iria lê-los? Não sei. E até hoje não recebi nenhum e-mail dele. Mas, como sei que são estranhos e diversos os terrenos onde a mensagem deve ser lançada, assim como são diversas também as oportunidades que o Pai nos dá para que divulguemos a mensagem desta Doutrina Consoladora, fiquei feliz por ter feito a minha parte.

Os livros estão lá, num hotel importante, na segunda maior cidade da Coréia do Sul, e outros nas mãos de um homem de negócios, muçulmano, residente em Paris. Quem sabe, um dia, alguém possa pegar estes livros ao acaso e encontrar ali as respostas às suas indagações...

          Humberto Werdine

Fonte: Forum Espírita.